terça-feira, 26 de maio de 2015

    Gosto de bares pequenos, pouco movimentados, com cheiro de cigarro misturado a vinho barato, gosto de me sentar na mesa do canto, onde vejo todos e não sou vista por ninguém. Poderia escrever sobre cada um dos outros frequentadores, descrever detalhes, apelida-los por nomes de flor e astros, contar suas estórias como se fossem fictícias e eles jamais saberiam que habitam as páginas do caderno velho da menina que sempre se senta sozinha no bar da rua 15.
    Nasci assim meio as avessas, não sou peça de luxo e não quero fazer parte da coleção de garotas legais que o mundo tem. Prefiro mesmo a indiferença, quero fazer parte, apenas, do mundo que criei aqui dentro de mim, onde o sol não bate, mas o coração pulsa e alimenta de luz tudo que há.
    Se partisse hoje, gostaria ao menos de dizer que acho bonito o seu sorriso doce que só pude admirar uma vez, ainda assim, sobre o pudor de ser observada por quem lhe acompanhava naquela noite estranha do ano passado.
   Gostaria que soubesse, que nunca senti realmente saudades de ti, porque eu te encontro em toda arte que vejo, e a tua presença nunca foi ausente em mim, porque somos uma só e eu sinto que há você em quase tudo que faço.
    Inconscientemente decidi que é o melhor, não suportaria te ver exposta ao martírio que é viver um dia atrás do outro com o mesmo pensamento de querer que tudo acabe.

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