domingo, 3 de maio de 2015

       Já fazem três dias que não faço mais do que comer e dormir, a poesia se esvaiu de mim, sou um enfeite dessa casa pequena, um adereço a mais nessa cidade tão bonita e amada, que está tão cheia de gente, quanto cheia de mim. Percorri, nos últimos tempos, o mesmo caminho, esperando encontrar algo diferente todos os dias, mas como poderia chegar num local diferente se sempre sigo as sombras das pegadas de ontem?
      Pelo meu caminho cruzo com tantas outras pessoas, elas não me vêem, também não as vejo, só sei que estão ali, com seus olhos tristes, olhando pros dois lados da rua até quando é mão única, desconfiadas do rapaz mal encarado que está por perto,  sempre atentas para o mal e não tendo tempo algum pra observar a beleza do céu ou o sorriso bonito da vendedora de chips da oi. Eles olham mas não vêem, está todo mundo preso no mesmo cercado e achando que é livre, que é diferente, que tem autoridade sobre si, mas não são, não têm.
      É tão triste sobreviver com tão pouca vida, é tão triste gastar mais tempo em atividades obrigatórias do que satisfatórias, é triste ter que se torturar durante horas de uma semana inteira pra sustentar os vícios consumidos no final de semana que servem exatamente pra esquecer o quão ruim foram os últimos cinco dias. Crianças, fujam enquanto ha tempo, o futuro não é bom, vão prender seus sonhos, adequar suas vontades no sistema vigente, pagar pouco pelo seu dom e bem pela inconstância do seu caráter.
      Ainda não criaram uma droga forte o suficiente pra me fazer reclamar menos, mas eu não sou sempre assim, é que estou numa fase ruim, não sei onde deixei o amor.
     

Nenhum comentário:

Postar um comentário