sábado, 30 de maio de 2015

Na semana passada, quando passei dias com falta de ar, por culpa da minha asma vem e volta, prometi parar de fumar, deixar o alcool por um tempo e abandonar as noitadas . Promessa feita é promessa falha, há em mim essa incapacidade enorme de cumprir o que digo. Ontem, na noitada, não resisti a fumar um cigarro e soltar a fumaça olhando pra lua. A fumaça subia e ficava de frente meus olhos e eu via a lua por trás dela, a lua em libra, a lua crescente, a lua do céu da faculdade, ás  quatro da manhã de uma sexta-feira.

terça-feira, 26 de maio de 2015

    Gosto de bares pequenos, pouco movimentados, com cheiro de cigarro misturado a vinho barato, gosto de me sentar na mesa do canto, onde vejo todos e não sou vista por ninguém. Poderia escrever sobre cada um dos outros frequentadores, descrever detalhes, apelida-los por nomes de flor e astros, contar suas estórias como se fossem fictícias e eles jamais saberiam que habitam as páginas do caderno velho da menina que sempre se senta sozinha no bar da rua 15.
    Nasci assim meio as avessas, não sou peça de luxo e não quero fazer parte da coleção de garotas legais que o mundo tem. Prefiro mesmo a indiferença, quero fazer parte, apenas, do mundo que criei aqui dentro de mim, onde o sol não bate, mas o coração pulsa e alimenta de luz tudo que há.
    Se partisse hoje, gostaria ao menos de dizer que acho bonito o seu sorriso doce que só pude admirar uma vez, ainda assim, sobre o pudor de ser observada por quem lhe acompanhava naquela noite estranha do ano passado.
   Gostaria que soubesse, que nunca senti realmente saudades de ti, porque eu te encontro em toda arte que vejo, e a tua presença nunca foi ausente em mim, porque somos uma só e eu sinto que há você em quase tudo que faço.
    Inconscientemente decidi que é o melhor, não suportaria te ver exposta ao martírio que é viver um dia atrás do outro com o mesmo pensamento de querer que tudo acabe.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Eu te olhei, você me olhou e a gente se kiss.
Ela gosta de quando a luz do sol está de frente, gosta da sombra grandona que ela faz. Gosta de sentir o calor de Deus emanando do astro rei. Gosta de reparar nas formas das nuvens, olhar pro céu e sentir a pupila ficar pequena. Gosta das sombras que a luz produz na parede e do chapéu coco do seu tio avô. Ela agradece todo dia  pelo novo dia, pede a Deus pelo amanhã, sorri de vez em sempre e brinca de escrever textos autobiográficos.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Respeita meu texto, escrevo pra acarinhar o papel vazio, respeita me corpo, admire sem garras as minhas curvas, respeito meu cabelo despenteado, dei a ele a liberdade de dançar com o vento e ele não se acostuma mais com a monotonia do pente, Respeite minha semana vermelha, meu coração pulsante saindo pela boca, minhas emoções na beira da janela, meu humor chuva de verão.
Respeita meu desejo por solidão, liberdade, independência, desiste de pregar em mim sua moral, não vai adiantar, não vou me padronizar, o cercado não me coube mais e eu descobri que fora dele o mundo é bem maior, melhor, verdadeiro,  Respeita a minha burca, meu salto agulha, minha saia jeans e saia com seu preconceito pra longe de mim, aceita que eu não preciso de elogio teu e não dou ouvidos pra qualquer ofensa.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Reservei o dia de ontem pra lembrar do passado, vasculhei nossas fotos, suas cartas, meus presentes que você devolveu e os que ganhei de ti e me recusei a entregar, vi nós duas , mas não vi a mim. Não reconheci o sorriso que dei naquela foto do parque, aquela do dia em que você me pediu em namoro e eu gaguejei um sim, depois chorei e gargalhei e você zombou de como eu conseguia ir ao ápice das lágrimas e logo me desmanchar numa gargalhada, não reconheci aquele sorriso porque depois daquele dia tudo tendeu para o fim . Quando o fim, enfim, chegou eu não sorria mais. Foi como se a máquina tivesse prendido meu sorriso na imagem, eu sentia que nunca mais ia voltar a ser feliz. Mas. meu bem, advinha?! Emergi do ápice do choro de novo, alcancei novamente o cume da alegria e voltei a gargalhar, ainda mais alto, ainda mais....
Não reconheço mais a garota que dava centenas de ''segundas chances'' e via todas sendo desperdiçadas, eu não moro mais na nossa estória, veja só, logo agora você decidiu dar razão pr'aquele amor.

domingo, 3 de maio de 2015

       Já fazem três dias que não faço mais do que comer e dormir, a poesia se esvaiu de mim, sou um enfeite dessa casa pequena, um adereço a mais nessa cidade tão bonita e amada, que está tão cheia de gente, quanto cheia de mim. Percorri, nos últimos tempos, o mesmo caminho, esperando encontrar algo diferente todos os dias, mas como poderia chegar num local diferente se sempre sigo as sombras das pegadas de ontem?
      Pelo meu caminho cruzo com tantas outras pessoas, elas não me vêem, também não as vejo, só sei que estão ali, com seus olhos tristes, olhando pros dois lados da rua até quando é mão única, desconfiadas do rapaz mal encarado que está por perto,  sempre atentas para o mal e não tendo tempo algum pra observar a beleza do céu ou o sorriso bonito da vendedora de chips da oi. Eles olham mas não vêem, está todo mundo preso no mesmo cercado e achando que é livre, que é diferente, que tem autoridade sobre si, mas não são, não têm.
      É tão triste sobreviver com tão pouca vida, é tão triste gastar mais tempo em atividades obrigatórias do que satisfatórias, é triste ter que se torturar durante horas de uma semana inteira pra sustentar os vícios consumidos no final de semana que servem exatamente pra esquecer o quão ruim foram os últimos cinco dias. Crianças, fujam enquanto ha tempo, o futuro não é bom, vão prender seus sonhos, adequar suas vontades no sistema vigente, pagar pouco pelo seu dom e bem pela inconstância do seu caráter.
      Ainda não criaram uma droga forte o suficiente pra me fazer reclamar menos, mas eu não sou sempre assim, é que estou numa fase ruim, não sei onde deixei o amor.