sexta-feira, 26 de junho de 2015

Quero dizer que, dessa vez, prefiro me calar, fechar os olhos, deixar que você vá, ou não. Admito que, aqui dentro de mim, torço para que fique, rezo pra que fique, mas preciso que a escolha seja sua, que fique por vontade, descuido ou poesia não me cabem, não desta vez. A escolha tem que ser sua, abdico da influência que sei que exerço, se for preciso me ausento agora, para que decida em paz se quer ou não se ausentar pra sempre. 
Entendi que a melhor coisa a se fazer agora, é não fazer nada. Vou guardar minhas energias, para me recuperar caso sua decisão seja partir (e me partir) ou para te abraçar caso ache que já se encontrou aqui e não precisa mais pular de galho em galho, case queira fixar raiz em mim. 
Deixei de ser nômade à algum tempo, minhas viagens passaram a ser de livro em livro, mas lembro que costumava pensar que voar baixo era bobagem e deixar de voar era morrer, se é assim que se sente, prefiro que vá, não quero comigo um moribundo refém de uma rotina indesejada. Tem gente que precisa tomar de todos os copos, de todas as bebidas, para escolher a que mais lhe convém. 
   Espero que o gosto do veneno não seja tão bom quanto o do pecado, espero que se sacie antes de chegar tão longe e espero que perceba logo que a apesar do que dizem sobre "se perder também é caminho", o caminho não é lar e a estrada não vai te afagar. O bom da vida é voar de encontro a alguém, voar para se (auto) encontrar é besteira, estamos dentro de nós. 

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser opressor. 
 E foi só nessa frase de Paulo Freire que pensei enquanto ouvia minha mãe repetir uma fala que havia ouvido durante o dia na escola onde trabalha como merendeira "cotas raciais náo deviam existir porque inferiorizam o negro".
Ela repetiu com fervor a fala pronunciada por uma professora branca, dona de terras e muito conhecida na cidade. Minha mãe que é negra, assim como eu, foi levada a acreditar que as cotas são privilégio que não merecemos. Eu ouvi na voz dela o peso que ela carrega por ser negra, por náo ter chegado nem ao final na sexta serie, minha mãe por falta de conhecimento, conhecimento este que talvez ela tivesse tido oportunidade de ter caso na época dela existissem cotas raciais, minha querida mãe não conhece a história do nosso povo negro, nosso povo que ainda batalha pra conseguir igualdade. Eu náo consegui explicar pra ela o porque da necessidade das cotas raciais, mas eu juro, vou estudar e aprender a me comunicar com pessoas iguais a ela e tirarei deles esse tipo de opressão ideológica.
Me sinto alheia a tudo
Não há canto do mundo que me caiba
Estou perto de ti
Mas longe demais do sol
É frio o bastante pra congelar meu coração
Só que ele não congela
Suga o calor que vem de você
E sua dor
Suas magoas
Seu pranto
Agora são meus também
E já não sei de onde vim
Quem sou
Me tornei sombra de ti e fim
Não há outro canto que me comova
Não ha outro canto que me caiba
Não há outro  de ti.