sexta-feira, 24 de abril de 2015

"Goste quando você aproxima o isqueiro do rosto, para acender o cigarro, e a chama ilumina seu rosto, como se dançasse, além de destacar a cor bonito dos seus olhos"
A sua perna com a minha
Minha boca no seu pescoço
sua mão dentro da minha calcinha
indo e vindo ...
Meu corpo treme
pede mais
teu sexo enrijecido
pressionando meu corpo febril
quero ser tua

faz de mim o que quiseres
me pressione mais
me chupa
goza em mim
goza pra mim
por mim
  não pare

Fique perto
eu te incendeio de novo
quando seu fogo apagar
minha língua vai ser o isqueiro
e seu corpo todo meu cigarro

te trago
pra dentro
pra perto
pra junto de mim
Finca tuas unhas na minha pele
atice meu corpo suado
desliza em mim

faz com a língua a poesia irresistível de sempre
que eu declamo pra você meu gemido mais fiel.
Se afoga em mim
Que eu já to molhada por você.



quarta-feira, 22 de abril de 2015

Mais uma vez lá se foi o meu " Era uma vez"
Poupar-me-ei  de toda alegria terrena
recolher-me-ei em alma e literatura
Conviverei com o lirismo dos dias frios
Sem canto e acalanto
Guardar-me-ei para quando o céu me chamar
Manterei-me em cativeiro
como se fosse eu a culpada pelas mazelas do mundo
mas estou apenas zelando pela integridade do meu coração miúdo,
sozinho e triste.
Não tenho o direito de pressionar o tempo
Deixo que ele vá
que o relógio funcione
Que os ponteiros caminhem
Deixo que ele siga
Enquanto eu continuo a passos curtos para o fim
e a passos largos para o futuro
ah. Santa Dualidade
Que me vê com medo da morte
e ansiosa pela maturidade
Sabedoria é saber que o fim chega já já
mas o sucesso demora
ainda que seja bem trabalhado

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Nasceu João Marcos
mas queria ser Victória
Nasceu e foi vestida de azul
mas assim que pôde optou pelo vestido vermelho da irmã
Cresceu brincando de boneca  e
e sendo obrigada a jogar futebol com o pai
chorava quando a unha quebrava
e lutava na escola pra poder pegar a fila das meninas
não a entendiam
os pais já sabiam
mas não sentiam como aquilo a afetava
Victoria saiu de casa
foi viver na rua
deixou o cabelo crescer
virou amante de homens de hábitos noturnos
e se apaixonou pela liberdade de ser quem era
passava fome e frio
apanhou de policiais
foi exposta
humilhada
maltratada
e morreu vítima da profissão que foi obrigada a escolher
Victoria tinha amantes demais ...

O Brasil é campeão em morte de TRAVESTIS E TRANSEXUAIS, o mercado de trabalho e as universidades na maioria das vezes não é acessível a elxs que, não tendo lar, família, apoio, oportunidades, sem vendem e são marginalizadas pela sociedade. Empurram-nas para a prostituição e depois as condenam. Morrem  todo dia de fome, frio, cansaço tristeza e acabam chegando mesmo ao fim, por doença e maus tratos.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

        Costumava usar todo espaço da cama, dormir com dois travesseiros, um pra abraçar e outro para as reais funções, mas depois que você chegou e me fez companhia, aprendi a dormir apertadinha no canto da cama de solteiro, aprendi a me mover menos durante a noite pra não correr o risco de te acordar, aprendi a gostar do momentos de insônia durante a noite pra te olhar de pertinho ou pra te acordar fazendo carinho e depois aproveitar a insônia junto com você. E agora, mesmo quando você não está, ainda deixo o travesseiro do lado do meu, o espaço onde costuma ficar e nas horas de insônia penso em te ligar, pra dizer no pé do seu ouvido que to louca pra transar e que aqui é seu lugar. Acabo não ligando e caindo no sono de novo, sonho com a gente, respirações curtas, suor escorrendo e um gemido alto que se confunde com o barulho real do meu despertador, é hora de acordar.  

domingo, 5 de abril de 2015

    Não é surpresa pra mim, nem para os que me conhecem, que me sensibilizo frequentemente com notícias de assassinatos e/ou violência. Leio e releio matérias que tratam do assunto, como que para me forçar a entender e a sentir melhor o que se passou no momento do fato ocorrido. Ontem, quando li uma matéria sobre assassinato do menino Eduardo no morro do Alemão, eu quis morrer. Naquele momento eu era Terezinha Maria, tinha meu filho ensanguentado nos braços , enquanto os outros quatro assistiam  meus gritos que, por mais que eu quisesse, não calavam e nem conseguiam exprimir minha dor de mãe.
    Eu, do fundo da minha empatia, chorei observando a foto da mãe Terezinha MARIA segurando um retrato do menino Eduardo JESUS, foi como seu uma mão, cheia de dedos com unha grandes e finas apertasse meu coração. Mas minha dor não é maior que a dela, por mais que seja grande, eu não perdi um filho, eu não perdi um menino de 10 anos, meu caçula.
   O menino Eduardo era solo fértil, onde uma árvore de vida e escolhas seria plantada e traçada, suas escolhas determinariam a altura que alcançaria. Mataram a árvore, mataram o futuro de Edu, secaram o solo.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Há em mim a mais sincera das tristezas
Passei a abrigar o ato de rendição
Não tenho forças
coragem
vontade
disposição
pra te pedir pra ficar
além do mais, me tirastes todos os meios
canais
correntes
e laços
Deixo que vá
como sempre fizestes
mas, diferente de antes, não deixarei a porta aberta
a chave debaixo do tapete
nem nenhum dos macetes que já conheces
desta vez, não espero que volte
ao menos não em presença física
Tenho a plena certeza
De que seus pensamentos a trairão e a atrairá
E vais se pegar um dia, com saudades de tudo que nos faltou
De tudo que morreu por sacrifício das nossas imperfeições
sua mente vai vagar,
criar cenários e se encontrar a minha
que estará fazendo a mesma coisa
a chama da nossa imaginação será tão grande
que de cá poderei ouvir você dizendo que sente minha falta.
Adiarei o nosso primeiro encontro pra vida que vem.
É com pesar que digo, adeus.