quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Sobre nós

Ei, tire os fones de ouvido, me ouça. A insonia de ontem me fez assistir as cenas imaginárias do nosso primeiro beijo, lembrei do frio na barriga que me deu quando te vi de longe, lembrei do quanto tremia quando falei com você,  ali sentada em um banco escuro, conversando com uma desconhecida, eu senti que seria marcante, senti que você ia entrar na minha vida e bagunçar tudo. Pensei várias em me afastar, evitar o aborrecimento que logo viria, pois sim, eu sabia que a minha felicidade não duraria tanto, mas estar com você era tão bom, o sol que saia de você me aquecia aqui de longe, passei a suspirar quando pensava em você, a esperar dias pra te ver, a sofrer quando você ia embora, a ler muitas vezes a mesma mensagem. Tentei piamente apagar da minha cabeça a ideia negativa de que ia acabar, me prometi que não ia estragar tudo, que não ia em um momento de impulso te assustar com toda a minha canalhice, prometi pra mim que ia fazer de tudo pra dar certo, eu sei que sempre fui a toxina que destruiu minhas relações, Mas desta vez não.

Enquanto pra mim tudo ia de vento em polpa, pra você não era a mesma coisa, suas palavras doces diminuíam a medida que meu sentimento aumentava, eu percebia, não dizia, e torcia para estar errada, mas sentia que o que pra mim estava florescendo, em você estava murchando.  A insegurança me dominava, minhas conversas passaram a ser possessivas, meus pensamentos começaram a brincar comigo e a razão me fugia frequentemente. Não sei se por cansaço, enjoo, preguiça, desgosto, desafeto ou falta de amor, você decidiu se afastar. Mas espera ai, eu prometi que dessa vez ia dar certo, mas prometi sozinha, foi. Você se foi, eu fiquei com a promessa de eternidade que fiz sozinha, com as lembranças doces que agora ardem e a certeza de que fui só mais uma. 

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

A solidão, eu e os sentimentos.

Digo incontáveis vezes para mim mesma "Não se apaixone, somos dessa gente que anda só" e por muito tempo acreditei piamente nessa verdade que inventei e datei como lei e lema de vida, acontece que sempre tive aptidão com a solidão, ela jamais me fez falta, me acompanhou durante a vida e depois de muitas brigas e reviravoltas tornamo-nos companheiras, companhia uma da outra. Enquanto os sentimentos nos ignorava, líamos juntas, ouvíamos rock, MPB e samba raiz, cultuávamos velhos escritores e dançávamos.
De uns tempos pra cá o sentimento pareceu ter notado nossa presença, nos viu ali no canto escuro do mundo, veio se aproximando, se aproximando, sentou-se do meu lado, a solidão ficou enciumada, deu pra ser cruel, amarga, ácida, sua presença tornou-se incomoda, me aliei ao sentimento e a expulsei, o sentimento até então se comportava como bom moço, mas depois de um tempo começou a comer o meu tempo de leitura, o meu tempo de ouvir boa música, eu não podia fazer mais nada, o danado do sentimento tava ali pra ditar meus passos e meus pensamentos.
Comeu tanta coisa minha, que ficou enorme, maior que eu, passou a me assustar caminhar ao lado de algo tão forte, me reprimia o fato de ele ter tanto poder sobre mim.

Comecei a perceber a semelhança que o sentimento tem com o sofrimento, se não fosse pelos radicais das palavras, poderiam ser uma só. Quando conheci a solidão ela se sentou comigo na mesa escura perto da saída, o sentimento me tirou de lá e me colocou de frente ao palco, eu assiste seu show, eu te vi sambar e depois dançar sobre o que eu sentia, depois quando o sentimento se parecia cada vez mais com o sofrimento ele me expulsou do salão de festas. O cruel agora, é que está concreta a minha inimizade com a solidão, não nos suportamos mais, onde eu to ela aparece e repete “eu te avisei”. A solidão é igual mulher traída, adora me desagradar, mas no fundo me ama. 

Pra que

Pra animar o bar
Pra mimar o bar
Pra aninhar no bar
Pra animar o mar
Pra amar
Pra chorar
Pra falar
Pra perder tempo
Pra ganhar tempo
Pra espicular
Pra reclamar
Pra declamar
ah.