Ei, tire os fones de ouvido, me ouça. A insonia de ontem me fez assistir
as cenas imaginárias do nosso primeiro beijo, lembrei do frio na barriga que me
deu quando te vi de longe, lembrei do quanto tremia quando falei com você, ali sentada em um banco escuro, conversando
com uma desconhecida, eu senti que seria marcante, senti que você ia entrar na
minha vida e bagunçar tudo. Pensei várias em me afastar, evitar o aborrecimento que logo viria, pois sim, eu sabia que a minha felicidade não duraria tanto,
mas estar com você era tão bom, o sol que saia de você me aquecia aqui de
longe, passei a suspirar quando pensava em você, a esperar dias pra te ver, a
sofrer quando você ia embora, a ler muitas vezes a mesma mensagem. Tentei piamente
apagar da minha cabeça a ideia negativa de que ia acabar, me prometi que não ia
estragar tudo, que não ia em um momento de impulso te assustar com toda a minha
canalhice, prometi pra mim que ia fazer de tudo pra dar certo, eu sei que
sempre fui a toxina que destruiu minhas relações, Mas desta vez não.
Enquanto pra mim tudo
ia de vento em polpa, pra você não era a mesma coisa, suas palavras doces
diminuíam a medida que meu sentimento aumentava, eu percebia, não dizia, e
torcia para estar errada, mas sentia que o que pra mim estava florescendo, em
você estava murchando. A insegurança me
dominava, minhas conversas passaram a ser possessivas, meus pensamentos
começaram a brincar comigo e a razão me fugia frequentemente. Não sei se por
cansaço, enjoo, preguiça, desgosto, desafeto ou falta de amor, você decidiu se
afastar. Mas espera ai, eu prometi que dessa vez ia dar certo, mas prometi
sozinha, foi. Você se foi, eu fiquei com a promessa de eternidade que fiz
sozinha, com as lembranças doces que agora ardem e a certeza de que fui só mais
uma.